A fissura anal é uma ferida que se forma na região anal, normalmente devido à passagem de fezes duras e a realização de esforço durante a evacuação. São divididas quanto a seu tempo desde o início: agudas são as que têm menos de 6 semanas e as crônicas são as que têm mais do que 6 semanas.
Por que não cicatriza em alguns casos?
A ferida causa dor, o que causa que o ânus fique se contraindo mais. Essa ferida costuma ocorrer no local onde já há a menor chegada de sangue, na linha média.
Com esse aumento na contração há uma diminuição na chegada do sangue, o que não permite a cicatrização da ferida.
Quais os sintomas da Fissura Anal?
Dor anal intensa com piora após as evacuações, sangramento vermelho vivo normalmente em pouca quantidade no papel higiênico ou nas fezes, podendo surgir uma pele reacional a ela, o chamado plicoma sentinela.
Fissura Anal é grave?
Pode causar sintomas intensos e prejudicar significativamente a qualidade de vida, mas a fissura típica não carrega nenhum risco de tornar-se câncer.
Porém, entre as hipóteses diagnósticas para fissuras anais ainda estão: sífilis, HIV, câncer de ânus, doença de Crohn, trauma, entre outros.
Como se faz o diagnóstico?
Com a história completa do paciente e o exame físico é possível identificar com a inspeção da região anal. Normalmente nesses casos não se faz toque retal quando há dor.
Como tratar a Fissura Anal?
Medidas conservadoras
O início do tratamento da fissura anal consiste em medidas conservadoras, como as medidas que vão manter as fezes macias.
O consumo de fibras, podendo ter suplementos como o psyllium, associado a ingestão adequada de líquidos é fundamental. Banhos de assento com água morna podem ajudar a relaxar a musculatura, aliviando os sintomas e permitindo a cicatrização.
Pomadas com medicação
Entre as medicações possíveis de se ter em pomadas, as mais eficazes e com menores efeitos colaterais são os chamados bloqueadores de canal de cálcio (Diltiazem e Nifedipino).
Elas causam o relaxamento da musculatura do esfíncter do ânus, aliviando a dor, permitindo a adequada irrigação sanguínea, assim favorecendo a cicatrização.
Em fissuras agudas podem cicatrizar até 95% das vezes. Nas fissuras crônicas sua eficácia é menor, sendo mais eficaz quando utilizada 3 vezes ao dia, por períodos de até 3 meses.
Botox
A mesma toxina botulínica utilizada amplamente em procedimentos estéticos atualmente pode ser utilizada no tratamento de fissuras anais. Como tem um efeito de paralisar a musculatura, causa um relaxamento do esfíncter, efeito desejado nesses casos, permitindo a cicatrização.
Costuma ter uma melhora dos sintoma após 2 semanas da aplicação, podendo ser associado ao uso das pomadas. Melhor quando utilizada como tratamento de segunda linha, tem uma taxa de eficácia variável entre vários estudos.
Um efeito colateral indesejável é a incontinência para gases em até 18% dos pacientes, e uma taxa menor de incontinência fecal, mas que cede após o término do efeito da medicação.
Pode ser aplicada no consultório, ou no centro cirúrgico com sedação e anestesia local, esta última com custos maiores.
Cirurgias
Esfincterotomia Lateral Interna
Como as fissuras típicas são relacionadas ao aumento da contração da musculatura anal, a cirurgia clássica (Esfincterotomia Anal) com corte de algumas fibras da musculatura deste esfíncter pode ser útil.
É de fato o tratamento mais eficaz de fissura anal, chegando a taxas de cicatrização próximas a 100%.
Porém, como tem o possível efeito colateral de causar um enfraquecimento demasiado da musculatura anal, prejudicando a continência (segurar as fezes), deve ser utilizada em casos em que isso não é um problema, sendo especialmente segura em homens jovens ou outras pessoas com a contratilidade realmente aumentada.
Retalho de Avanço Cutâneo
Em casos de pressão do ânus normal ou diminuída, temos como opção cirúrgica a ressecção da fissura com o posicionamento de pele saudável para cobrir o leito da ferida – o Retalho de Avanço Cutâneo.