Câncer colorretal é o terceiro câncer mais comum no mundo, sendo 47% em mulheres e a maioria dos casos acima dos 65 anos (58%), mas ainda com uma porcentagem importante em pacientes mais jovens.
O que é o Câncer Colorretal?
Câncer acontece quando células em seu corpo começam a se proliferar sem controle. Para que isso aconteça há uma série de defeitos genéticos, evitando os mecanismos de defesa do organismo. O Câncer Colorretal ocorre quando as células do intestino grosso (cólon) ou reto começam a crescer descontroladamente.
Qual a causa do Câncer Colorretal?
Aproximadamente 80% dos casos de câncer colorretal são considerados esporádicos. Ao contrário das síndromes genéticas, – que carregam em seu genoma mutações que predispõe a esse tipo de câncer – os cânceres esporádicos estão relacionados a alterações genéticas no tecido que se torna o tumor. O acúmulo de mutações acontece ao longo de vários anos nesses casos.
As causas ainda não são claras, mas provavelmente são uma combinação entre fatores genéticos e estilo de vida, dieta e exposições ambientais, incluindo a microbiota intestinal.
Estudos mostram mudança da chance de desenvolver esse tipo de câncer em:
- aumento de 12% para cada 100g/dia de ingesta de carne vermelha ou processada;
- aumento de 7% para cara 10g/dia de ingesta de álcool;
- diminuição de 17% para cada 90g/dia de ingesta de grãos integrais;
- diminuição de 13% para cada 400g/dia de ingesta de laticínios;
Em parte, a microbiota intestinal pode ser um mecanismo que altera essa chance, sendo que é significativamente diferente em pacientes com e sem câncer colorretal. Estes têm uma microbiota muito mais semelhante com as de quem tem uma dieta rica em carne vermelha.
Ainda, estilo de vida sedentário e obesidade estão associados a maioria dos tipos de câncer. Atividades físicas regulares diminuem o risco de câncer colorretal em cerca de 19%.
Como prevenir?
Com as mutações, normalmente surgem lesões inicialmente benignas, conhecidas como adenomas. Costumam ser encontrados pelo exame de colonoscopia na forma de pólipos (crescimentos anormais na mucosa intestinal) e quando retirados evita-se que evoluam para câncer.
Atualmente tem se recomendado o rastreio com colonoscopia para a população em geral (pessoas sem outros fatores de risco – como história familiar) a partir dos 45 anos, sendo repetido a cada 10 anos para quem não tem adenomas.
Quais os sintomas?
É importante contar para o seu médico em detalhes todos os sintomas relacionados, que podem ser: dor abdominal ou na pelve, sangramento nas fezes, sensação de evacuação incompleta, incontinência (escape) de fezes, mudança no hábito intestinal (podendo ser diarreia, constipação ou alteração na forma das fezes), perda de peso, fadiga e cansaço.
É grave?
O principal fator para avaliar a gravidade dos casos de câncer é o estadiamento dele. Quanto mais avançada a doença, infiltrando mais profundamente, com gânglios acometidos ou até mesmo metástases em outros órgãos, pior a perspectiva quanto à sobrevivência.
Pode variar desde pólipos malignos que são curados com a ressecção pela colonoscopia, até mesmo casos em que não se faz nenhuma cirurgia, mas se mantém cuidados paliativos.
Como se faz o diagnóstico?
O principal exame para diagnóstico é a colonoscopia, o qual se baseia na introdução de um endoscópio por dentro do intestino grosso para detectar as lesões. O próprio exame pode retirar lesões menores e fazer biópsias.
Para o estadiamento, indica-se a realização de tomografias de tórax e abdome total para os cânceres de cólon, e adiciona-se a ressonância de pelve para os tumores de reto.
O acompanhamento com o exame de sangue CEA (antígeno carcinoembrionário) pode ser útil no seguimento após o tratamento, também sendo indicado.
Outros exames podem ser necessários baseados nas individualidades de cada caso.
Como é o tratamento do Câncer Colorretal?
O tratamento do câncer colorretal é essencialmente cirúrgico, mas com muitas inovações ao longo dos últimos anos.
Os pólipos malignos (câncer na sua fase mais inicial), podem ser retirados via colonoscopia dependendo do tamanho e de outras características.
Os cânceres de cólon normalmente tem seu tratamento inicial com cirurgia, podendo ser ela aberta, videolaparoscópica ou robótica.
Cirurgia aberta
A cirurgia aberta é a técnica mais antiga, utilizando-se de grande incisões, retira toda a doença mas costuma ter um pós-operatório mais lento, com mais dor, náuseas e vômitos. Também tem como possíveis complicações mais infecções de feridas e hérnias.
Videolaparoscopia
A cirurgia videolaparoscópica é um tipo de técnica na qual são realizadas pequenas incisões por onde são introduzidos os instrumentos cirúrgicos. É utilizado gás carbônico para distender a cavidade abdominal, permitindo a visualização dos órgãos por uma câmera com fibra óptica. Tem como vantagens uma recuperação mais rápida, com menos dor e infecções, permitindo um retorno mais rápido às atividades diárias e menos complicações da parede abdominal.
Cirurgia Robótica
Mais recentemente está sendo possível realizar esse tipo de cirurgia também através de plataformas robóticas.
Essas permitem que o cirurgião controle todas as pinças dentro da cavidade abdominal, as quais têm articulações que permitem um movimento mais amplo do que as das pinças da videolaparoscopia.
Conta com uma câmera com óptica em 3D, com melhor visualização dos tecidos e permite movimentos mais delicados e precisos.
Ajuda especialmente em doenças da pelve – como o câncer de reto – por se tratar de uma cavidade mais estreita e com dificuldade de visualização das estruturas, além de em vários casos ter sido feita radioterapia antes da cirurgia, o que pode deixar os tecidos mais inflamados e difíceis de dissecção.
Tratamento não operatório
Nos casos de câncer de reto baixo e médio (até 10cm da margem anal), a depender do estágio da doença, pode ser indicada a realização de radioterapia e quimioterapia como primeira etapa, para regressão do tumor.
Se estuda cada vez mais até que ponto esse efeito ocorre, mas já há grandes estudos com pacientes em que houve regressão total do câncer. Esses casos são delicados, já que se trata de uma doença grave e a possibilidade de recidiva pode significar piora da sobrevida, devendo ter esse acompanhamento feito com equipes especializadas que contem pelo menos com coloproctologista, oncologista, radiologista e radioterapeuta.
Doença avançada
Já para pacientes com doença avançada, como metástases, o principal tratamento é a quimioterapia, mas a cirurgia ainda tem seu papel.
Os tumores podem desenvolver complicações como sangramento, obstrução intestinal, perfuração ou sintomas muito intensos, podendo sim se beneficiar de cirurgia para sua ressecção, ou desvio do trânsito intestinal com as ostomias.
É muito importante que cada caso seja individualizado e discutido com sua equipe médica, pois além de a doença ser diferente em cada caso, os organismos e as pessoas também são diferentes e podem responder de diferentes maneiras aos tratamentos.